quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

a sigh is just a sigh



A sensação de vazio é, muitas vezes, a pior sensação que pode existir. É a junção de amor e indiferença. Se importar, mas não ligar, não ligar e, ainda assim, amar. Tem dias que não dá pra você colocar um sorriso na cara, vestir aquela roupa que cai bem, jogar meio quilo de blush no rosto e sair por aí, se sentindo linda, dando bom dia às pessoas. Tem dias que não dá pra fazer isso, porque você só pensa na palavra lixo. Tudo é lixo. Um quebra cabeça sem uma peça se torna algo inutilizável e é assim que eu me sinto. Eu não sou a mesma desde que você saiu daqui. Não é que a vida tenha sido injusta comigo, eu sempre me julguei uma pessoa abençoada. De tudo que eu vivi, todos os desafios que enfrentei e riscos que corri, eu estou aqui, no final das contas. Não posso reclamar da vida, mas me falta algo. É o meu egoísmo falando. Sei que escrever não significa nada e talvez entrar no velho campo de batalha seja mera perda de tempo. Sei que o que quer que faça ou fale não será suficiente para te trazer de volta à minha vida, mas se isso me convencesse de que fiz tudo que pude, eu faria. Erraria mais mil vezes para ver que sou humana. Eu te machuquei e fiz exatamente o contrário de tudo que eu queria fazer. E quando eu me calo, e para não chorar. Porque nós estamos sorrindo, mas quase desabando em lágrimas. E você já não quer falar comigo e isso faz todo o sentido do mundo, mas ainda assim eu faço tudo por esse amor. Até mesmo uma causa perdida. Porque, como diria Nicholas Sparks, "acima de tudo, aprendi que é possível que duas pessoas se apaixonem outra vez, mesmo quando existe entre elas uma vida inteira de decepções". E é tão ruim saber que eu vou precisar fingir que eu não ligo. Porque a verdade é que eu ligo muito pra você e, logo, não ligo para mais ninguém. Quero muito que você seja feliz, com toda a intensidade e bons sentimentos. De longe, fico te desejando tudo e Deus sabe que é real. Em outra vida, quem sabe, você é meu para sempre. E, por enquanto, aqui tá tudo certo sem ter nada resolvido. E você sabe que a gente não merece uma chance de futuro. Uma chance de perdão. Uma chance de recomeço e oportunidade de enxergar a vida novamente. Tudo é um olhar. Você sabe disso e eu sei também. Tá na cara, qualquer um pode dizer isso. Mas, ainda assim, me explica, então, porque eu morro de vontade disso? Me explica o motivo de eu sentir que bem lá no fundo é isso que você iria querer, se achasse que poderia. A razão realmente justifica? Por quê a gente não pode simplesmente jogar isso tudo pra cima e assinar um termo em que o nosso único compromisso seja ser feliz? Olha para mim e enxerga quem eu sou. Vê o que há por trás dos meus olhos e entende de uma vez por todas. Eu te amo e é essa a razão pela qual eu peço pra você acreditar quando eu digo que eu estou aqui. Eu não fui a lugar nenhum, nem vou. Só tenta enxergar isso e o tempo fará o resto. E, quem sabe, algo complete essa sensação de vazio que eu falei lá em cima.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

A testemunha ocular

Sem dúvidas, hoje é o dia que eu mais tenho vontade de escrever. Não sei bem o motivo disso, mas, sempre que o meu coração está triste, é isso que eu faço. Eu corro para ligar o computador e escrever textos, mesmo que os deixe salvos eternamente nessa pasta chamada "rascunhos". Porque no fundo é isso que eles são, certo? Rascunhos, meros rascunhos de uma vida que eu vivo dia após dia. Não sei porque imagino que isso interessaria alguém, talvez seja só a minha carência e a minha necessidade de sentir amada, como muita gente já jogou na minha cara. O fato é que todo mundo precisa de alguém. Não apenas porque amar alguém nos exige isso, mas porque existem mais de seis bilhões de vidas sendo vividas nesse exato momento e nós não queremos que a nossa vá junto com as outras, assim, clandestina, sem notar. Precisamos de uma testemunha, para quem igualmente testemunharemos ter assistido a vida passar, o valer a pena daquele tum tum de coração e a justificativa do peito inflar e desinflar sob a única resposta que o faria:: manter-se vivo. E a função do resto do mundo é dificultar isso, exceto uma pessoa, uma única pessoa, que irá te trazer o bem e irá assinar ao fim do julgamento, afirmando que viu tudo acontecer, ela prestou atenção de perto. É a testemunha ocular mais importante do processo. E nenhum deles poderá negar, ou irá jamais entender, porque unicamente aquela pessoa viu.
Antes de encontrar essa pessoa, entretanto, nos encontramos com várias outras. E cada uma dessas outras vai cavar seu túmulo e desejar que você caia nele. E você vai cair e vai levantar depois. Quantos túmulos precisam ser cavados até que você cave o seu próprio? Quantas vidas você tem que viver até terminar a sua? Quantos romances se desfazarão e quantos corações serão deixados jogados na esquina, como se lixo fossem? Quanto tempo leva até que alguém finalmente entre na sua vida com o único propósito de estar ali?
Eu achei que tudo isso era certo, no final. Eu achei que você era a testemunha ocular. Eu achei que o mundo seria justificado pela sua presença no meu. Eu achei que estaríamos juntos, de algum modo, e que promessas seriam mantidas, a qualquer custo. E eu admito que errei, pedir desculpas nunca foi um sacrifício no meu vocabulário. E eu pedi, mais vezes do que deveria. Mas pedi. Pedi não apenas porque eu estava errada, mas também porque queria que tudo ficasse bem. Eu queria que o mundo soprasse em nossa direção e eu acreditei que era possível. Eu queria cores.
E eu tive cores. Meu corpo inteiro se coloriu, assim como os meus olhos. As cores eram vibrantes e contrastavam com a minha palidez. E elas doem de olhar, então tive que vestir mangas cumpridas e passar pó no rosto, para que a sua cor parecesse tão pálida quanto de costume. Mas, por baixo das roupas e da maquiagem, quizá por baixo da pele, por dentro do coração, as marcas das cores ainda eram vibrantes, para me fazer lembrar não apenas que você estava indo embora, mas, também, que aquilo jamais teria volta. 
Já não se tratava mais do meu erro ou do que você pudesse achar que eu tinha feito. Já não se tratava mais de uma ligação com o que quer que pudesse ter acontecido, mas nunca aconteceu. Era muito mais que isso. Era uma questão de olhar em olhos secos que só choram sangue. Olhos que perderam o encanto e não o recuperariam jamais. Olhos que pararam de brilhar. Olhos que desconfiam do mundo por uma única razão: é isso que o mundo merece. Desconfiança. E você escolheu as palavras mais duras que encontrou para me dizer isso. E você amaldiçoou cada parte do meu corpo, como se fosse uma coisa velha que nós jogamos fora por não prestar para nada, apenas nos dá trabalho de carregar.
E um dia, eventualmente, você vai se dar conta de que eu não sou essa coisa velha. Vai perceber que o que nos uniu está aí, como está aqui. E vai querer voltar para o abraço dos braços machucados. E vai desejar que aqueles dias felizes retornem. Porque esse amor é o maior do mundo. E mesmo que ele machuque, de vez em quando, o coração sabe dizer que não quer que ele vá embora. E ele não vai.