segunda-feira, 16 de abril de 2012

O dia em que o táxi não chegou.


Sabe aquele sentimento que tem quando uma pessoa vai sair da sua vida e, de repente, você percebe que vai sentir falta dela? Eu o senti hoje e não gosto nada dele. Eu lembro de quando conversamos sobre o futuro. Sobre o futuro e suas incertezas. E eu te disse que sonhava em sair por aí, quem sabe trabalhar pelo mundo... Falei da minha alma cosmopolita. E você... Você citou a sua firma de sucesso. Você seria mais um desses bem sucedidos por aí. E as estradas da vida nos colocariam para caminhos diferentes, literalmente. Enquanto você iria fazer dinheiro visitando a África e suspendendo aquelas casas gigantes (ou sonhos, como queira), eu iria conseguir uma bolsa em uma universidade alemã. E, depois, eu me tornaria diplomata. E, depois, desistiria e me tornaria promotora. E, então, desistiria para ser uma juíza. E, depois de tudo isso, preferiria cursar letras ou psicologia em alguma faculdade no sul. E eu lembro, caramba, eu lembro de quando conversamos sobre isso. Rimos muito. E eu lembro que eu perguntei: "E nós dois? Você acha que isso vai acabar como?". E você me olhou nos olhos e disse: "O que eu acho? Eu acho que um dia eu e você estaremos casados com outras pessoas e vamos acabar pegando o mesmo táxi em um dia de chuva no aeroporto. E aí vamos discutir sobre quem chamou o táxi primeiro. E vamos nos reconhecer. E vamos conversar sobre tudo e acabar parando naquele velho restaurante perto de onde estudávamos, em plena terça feira. Eu e você... E vamos desligar os celulares e simplesmente relembrar esses dias felizes". E eu lembro, também, que você continuou sério, como quem fala a coisa mais sensata do planeta. Segundos depois, você eclodiu em risos. E a sua risada era provavelmente o meu som favorito. Eu congelei aquele segundo na minha cabeça, porque eu sei que a gente não pode voltar nele. Pena que não chegamos a combinar a placa do táxi.
O tempo passou e as coisas que eu dava como certas já não me parecem mais tão certas assim. Acho que todo mundo foge de algo. E eu lembro que você disse: "Eu não estou fazendo isso para machucar você". Eu sei, tá, mas como eu posso acreditar? Como eu devo acreditar nisso? Como acreditarei novamente? Quer dizer, como... "Amor" não é o suficiente? Talvez a resposta seja simplesmente parar de ter controle de tudo e se arriscar. Afinal, não é disso que o amor é feito? Riscos. Não seguranças e certezas. Então é isso: Arriscar. Arriscar mesmo! Take a new shot. E em outra direção. Sorrir. Sorrir, porque sorrir não significa estar feliz, mas ser forte. E confiar nas pessoas não te torna alguém fraco. É só sorrir. Sorrir para ser alguém forte. Ou para que as pessoas acreditem que você é.
Todos temos os nossos arrependimentos, todos temos os nossos remorsos e todos precisamos conviver com as escolhas que fizemos e com o compromisso que temos com elas. Todos temos as nossas tragédias e talvez o amor seja, de vez em quando, a pior delas. Mas não é por isso que desistimos dele. Porque, apesar de tragédia, ele, às vezes, é também mais forte que todos os erros que cometemos. Mas como a gente sabe quando continuar e quando simplesmente desistir? Algumas pessoas não sabem quando esquecer. E eu descobri que quando você ama muito alguém, tanto assim, por tanto tempo, nunca irá esquecê-lo, não importa para onde for... Ninguém acha dois trevos de quatro folhas na mesma noite. Esquecer o passado, porém, pode ser o único jeito seguir adiante. Porque tem dias que tudo muda e muda pra sempre. Porque eu sei que nada mais será a mesma coisa. Mas, por favor, pare de me lembrar disso a cada segundo! Eu simplesmente não aguento quando você faz isso. E você aí, pare de querer se meter. Eu sou um desastre e não preciso de ajuda, entendido? E não vai passar. Pare de falar que tudo ficará bem, porque você não sabe. Achamos que as pessoas importantes estarão sempre em nossas vidas, até não estarem mais. E não estão mesmo. Elas simplesmente vão embora. E aqueles dias felizes não são mais nada.
Homens querem e gostam do que nunca tiveram. E eu queria ter as palavras mais lindas pra dizer.  Diria como me sinto bem quando estou com você, o quanto adoro aquela coisinha que você faz com o nariz quando sorri... Mas, sobretudo, eu diria que você me torna uma pessoa melhor. No entanto, às vezes, é preciso apenas seguir em frente e deixar que as coisas se ajeitem sozinhas. Porque, quem sabe, nós dois somos apenas uma história que contamos um a outro. E, quem sabe, estar com você foi algo que me fez não querer mais ficar sozinha, mas não necessariamente passar o resto da minha vida ao seu lado.
E eu estou bem, andando por aí, curtindo a vida do jeito que você me ensinou. E eu mudei. E ele também me faz bem. E eu acho que ela te faz bem também. E assim vamos seguindo os nossos caminhos... E você, você é só uma lembrança indo embora dentro de um táxi do aeroporto.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Jorge, Mateus e mais alguém.



Meu coração disparou. Eu tentei seguir a minha cabeça, mas parece que ela disparou também. Não sei bem como é isso, mas senti o palpitar e aperto dentro dela também. Como se o meu cérebro tremesse, tudo isso enquanto o coração ameaça sair pelo boca. As mãos também dispararam - elas tremem.
Eu estava deitada de qualquer jeito no sofá da sala, coçando os olhos sem nem perceber que me borrava inteira de rímel, quando comecei a ouvir uma música familiar. "Quando a gente fica junto, tem briga. Quando a gente se separa, saudade...". Eu primeiro pensei na televisão, isso é a música da novela das nove. Alguma propaganda. Mas a música estava demorando demais... E essa novela das nove nem passava mais! Por quê eu estava ouvindo Jorge&Mateus vindo do meu quarto, então? Foi então que tudo parou.
Eu percebi que era o meu celular. Mas o meu toque não era aquele. Era um trim-trim bem comum mesmo. Mas a música vinha do meu celular. E aí?
Eu levantei cambaleando do sofá e, ainda antes de dar o primeiro passo, lembrei que aquele era o seu toque. Não é de se surpreender que eu não tenha percebido isso logo, afinal, já faz algum tempo que não o ouço. Mas percebi. E acelerei os passos. Rápido, mais rápido. E eu nem pensei no motivo que estaria me fazendo andar depressa. Só sabia que tudo havia disparado. Despertei em algum lugar, alguma coisa, de algum modo.
Quando tomei o celular nas mãos, vi o seu nome e a sua foto à esquerda. Mas não era uma ligação, era só o contato aberto na agenda. Deus, isso é obra sua? Eu realmente devo ter que pagar por muita coisa.
Droga. Lá vamos nós de novo... E eu sinto raiva de mim mesma, só porque eu pensei que fosse acabar. A gente aconteceu e terminou de uma forma tão rápida que você nunca vai sequer imaginar que é sobre você que eu estou escrevendo ou que foi por você que eu me apeguei tanto. Até porque eu não faço o tipo que se apega rápido, já falei. E eu sei que tem outras pessoas que vão achar que eu falo delas. Mas, amor, tudo isso só tem a ver com você. E você se foi. E isso tem a ver com você. Tem a ver com você. Só. Só com você. Com você. Com... você.
Eu acho que amo você.