quarta-feira, 5 de outubro de 2011

um grito calado

Cara sociedade, chefes de governo e palhaços que estão no poder,


Gostaria de compartilhar convosco o modo como me sinto. Sempre dizem que em mim está o futuro do mundo (existe frase mais clichê?), mas lamento ser apenas parte de um exército inoperante e ineficaz. O mundo que aguarda a mim é complexo e os anciões me julgam veleitária, quarésmica. Quixotesca por acreditar no que me dizem - mas o mundo ensina que em palavras bonitas a gente não pode acreditar: Há de ignorar.
O mundo é de mentira e quando eu pensou que estou deixando para trás a minha infância e a brincadeira do faz de conta, percebo que me aproximo ainda mais das mentiras. Mentiras que queimam, violentas, mas sem a inocência de minhas bonecas. Eu tenho vontade de mudar o mundo. Quero sair gritando por aí que eu sou mais forte, que a utopia só é utopia porque ninguém se empenhou em fazer verdade. Eu quero fazer verdade para que isso não vire só mais uma mentira. Eu queria poder fazer daqui, um lugar melhor. Mas é aquilo que eu já sei: Sou puro Romantismo para pouco Realismo. Queria eu que isso só tivesse a ver com Escolas Literárias e nada mais. O tempo ainda há de vir para que, quando eu já não for aquilo que sou hoje, derrotada, eu declare que o poder está nas mãos dos jovens. Mas há de ser só faz de conta. Não os deixarei falar. Jovens são intempestivos - diremos à bocas miúdas.
Ó Brasil, eterna nação de ninguém. Uma voz mau-caráter quer nos dizer o que fazer, como devemos agir. Falam-me sobre ética. Eu rio. Falam-me sobre liberdade de expressão. Eu rio. Falam-me sobre algo que o mundo chamou direitos humanos. Eu rio. Rio uma piada que tem graça tardia - ainda a espero. Seriedade? Compromisso?
Gostaria, também, de dizer-lhes que não nasci homofóbica, racista, corrupta, viciada em bebidas, cigarros ou drogas ilícitas, nem tampouco delinquente. Eu aprendi com vocês. Os mesmos homens que me ensinaram a dizer papai foram aqueles que me fizeram puxar um gatilho. E eu, sem querer atingir ninguém além da minha própria pessoa, deixei que a bala me atravessasse amarga. Que azar! Essa não era 7belo e nem Maçã Verde. Nem tinha gostinho de caramelo. Eis que um líquido vermelho começa a escorrer da bala. Tudo parou. O sabor dessa era inconfundível ao meu paladar: Futuro.


Sangue.


Atenciosamente,
A juventude. 

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