quarta-feira, 20 de julho de 2011

Meus herois morreram de overdose

Preciso desabafar: Meu sonho sempre foi fazer Direito. Eu faço aquele tipo "defensora da justiça, dos fracos e dos oprimidos" e sempre me vi como uma voz de uma nova geração, pronta para por fim à sujeira deixada pelo passado. Mas o tempo passou e como bem disse Cazuza: "Meus herois morreram de overdose, meus inimigos estão no poder". Confesso que, às vezes, me sinto grande e capaz de fazer algo. Mas logo em seguida me confronto, comparando-me com a complexidade do sistema - sou pequena e pateticamente impotente.
Eu vejo telejornais transmitirem guerras, corrupções, pessoas mortas e famintas. E as outras pessoas assistem isso enquanto jantam tranquilamente. Algumas, menos insensíveis, ainda murmuram algo - um possível lamento - mas em seguida retornam sua atenção ao garfo e à faca. É esse o poderosíssimo exercito que lutará ao meu lado? Coitada de mim.
"Você é jovem, vai ver por isso é tão revolucionária. Já tive sua idade! É o discurso mais bonito do mundo, mas está fadado ao fracasso. Não adianta querer brigar com o sistema". É o que as pessoas me dizem quando eu começo a falar. Mas não. Eu não vou carregar por toda a vida a sensação de nunca ter lutado. Essa sim é uma perda vergonhosa. A luta, ainda que traga a perda, traz também a honra inquestionável do esforço e da resistência. Eu lutarei, sim, enquanto eu puder respirar. A função do Direito deixou de ser cumprir a lei para punir criminosos (como eu sonhei) e passou a ser manipulá-la em favor deles. Alguém precisa dizer não a tudo isso.
Eu sei que deve haver mais pessoas como eu por aí. Sei que alguém, como eu, lutará por manter essa ideologia. O que entristece é o silêncio de algumas dessas pessoas, que poderiam dar tanto de si e não dão. Ficam caladas e o único grito verdadeiramente alto que escuto é uma voz impiedosa que me manda cumprimentar adequadamente o general.
O mundo já foi palco de incontáveis atrocidades e o bolso dos políticos é um saco sem fundo - tal qual sua falta de caráter. Ética e Moral só existem para compor discursos pomposos de posse e promessas de boa educação são estratégias para ganhar votos. A sujeira não para e já não há espaço debaixo do tapete.
Mas eu não vou desistir. Eu ainda me vejo, sim, como uma advogada. Uma juíza, promotora, quem sabe! Vou estar dedicada ao que para mim é importante, ao que eu acredito, ao meu exercito de poucos, mas bons. Mas é fato: O Brasil precisa é de mais garis.

2 comentários:

  1. Bom, nunca fui de debater nem nada, por isso fico ali calada sempre com a minha opinião guardada muitas vezes querendo dizer o que penso mas sem saber organizar as palavras. Então.. Voilà, aí está:
    Não desista mesmo. Grande não é o seu sonho de querer mudar (não completamente, afinal seria impossível) um país onde a desigualdade predomina, é a mente da maioria que é pequena demais para poder pensar no próximo, e não é próximo no sentido literal, como ajudar um colega de sala ou um amigo apenas. Pensar no próximo é pensar em quem limpa o lugar onde você trabalha/estuda todos os dias, em quem arruma a sua casa, e em quem varre a rua de onde você mora. Sabe, chego a ser contraditória comigo mesma pois hora acho que existe sim alguma forma de mudar, e depois penso em como essa esperança é uma coisa tola. É clichê dizer que o futuro está nas mãos dos jovens sim, mas é o que nos resta. Alguns de nós, ainda pensam diferente das coisas que andam fazendo por aí e estão sempre questionando os problemas do nosso país. Somos de uma geração que ainda acredita no futuro e eu, sinceramente, crio muita expectativa em cima disso.

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  2. É sempre bom se posicionar, Sis! haha :)

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