segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

3 de copas.




Com licença, apertadíssima semana de vestibulares, mas o meu coração anda ainda mais apertado e precisa falar um pouquinho. Prometo ser breve e so por para fora meia dúzia de frases incompletas - talvez, apenas para não perder o costume.
Não sei o que me deu essa semana; um misto de saudade de coisas que eu jurei que não sentiria a falta. De pessoas que eu prometi um adeus - algumas delas me levaram a agir assim para seu próprio bem, outras, tive de agir na garantia do meu. Bom, seja como for, os últimos sete dias me serviram para por os malditos pingos nos i's.
Percebi que a vida a qual eu vinha levando não me fazia bem. Pus-me, mais uma vez, na busca da contentação - nunca alcançada. Por um momento, cheguei a pensar que estivesse bem com as companhias que me rodeavam. Mas não, bastou que ele quisesse realizar o meu sonho e puf!: não consegui seguir adiante. De repente, não pareceu bom o bastante. Eu já assisti esse filme antes. É só mais uma pessoa boa que eu não quero envolver na minha rede de infelicidades. Eu o escolhi, não por seus braços extremamente enlouquecedores (isso é fácil de reparar), nem pela carinha de sono (o meu ponto fraco, como sempre digo), mas pelos problemas. Ele tinha problemas parecidos com os meus. Por isso, nos entendíamos. Mas aí eu me toquei de que éramos só duas pessoas sozinhas tentando fazer uma dupla de universos separados. Nosso casamento foi em separação total de bens. Em breve estarei na vida jurídica e não quero começar minha carreira com uma adulteração de contrato. Foi essa a melhor desculpa que eu arranjei para esfriar a cabeça.
De volta naquela estrada fria de sempre, meus olhos já enxergam, no escuro, o caminho. Lá estava eu, mais uma vez, falando para a mesma pessoa de sempre. E eu acreditei que ali, sim, estivesse a solução para a solidão de sempre. Acreditei, sim, que toda essa história tivesse sido só uma história mesmo, mais uma dessas que eu invento para mim mesma, para me esquecer o caminho que eu sei fazer de olhos fechados. O caminho para aquele de sempre. Mas eis que me surpreendi: Não. Por um minuto, eu neguei a caminhada e, então, a fiz mais uma vez, apenas para ter certeza. Fechei os olhos e trilhei aquele caminho. Não me preocupei em deixar as migalhas de pão no chão - eu sabia como voltar. Sabia bem demais. Falei para aquela pessoa sobre o meu amigo que não vejo há mais de um ano. Perguntei se tinha notícias dele. Mas a pessoa desconversou, tentando me falar de si, embora não me disesse abertamente o que aconteceu com o meu amigo. Ainda não sei se ele faleceu ou se está preso por falsidade ideológica. E eu que pensei que meu amigo pudesse me salvar dessa solidão. Não. Ele só jogaria conversas fora comigo, como bom amigo que sempre me foi, mas depois teria muita dor de cabeça cuidando dos seus próprios problemas. Cada macaco no seu galho.
Fiz a pergunta essencial, de uma maneira informal, para que ele não percebesse a minha intenção. Deu certo. A resposta veio clara e limpa, como eu queria. E seu conteúdo só serviu para me dar certeza: Ali não estava o porto, a cura da minha solidão. Por quanto tempo eu me enganei? Bom dia, realidade.
Cheguei em casa e deitei a cabeça no travesseiro. Mas não foi o rosto de nenhum dos dois que apareceu em minha mente. Somente o rosto da última pessoa que eu imaginava. O rosto da pessoa que merece alguém muito melhor do que eu fui. Eu sorri, pensando nas coisas lindas. Se eu contasse, eles não acreditariam. Mas a gente sabe: Ele é especial. Vai ser para sempre. Não só porque ele foi a única pessoa que nunca decepcionou o meu coração surrado, nem apenas porque ele me abraçou e disse que o que importava era o que viria dali a diante, me permitindo esquecer o passado quando nem eu sabia se tinha autorização para isso. Não por ele ter sido um dos únicos homens que eu conheci em toda a minha vida (tão diferente desses moleques de hoje em dia). Mas por ele ter sido a primeira pessoa que me enxergou quando eu era um bichinho miúdo. Ele segurou minha mão até que eu me sentisse forte. Cantamos os Beattles e ele aguentou uma música inteira sem se incomodar com a minha voz ou me pedir para calar a boca.
Eu sorri pensando nisso tudo, mas acabei adormecendo com o som de uma gaita na minha cabeça, lamentando a certeza de a última nota da canção ter se perdido em algum lugar do calendário.

É solidão, somos só nós duas, amiguinha.

Um comentário:

  1. Não sei porque ainda comento aqui, meus comentários são sempre os mesmos: "perfeito!" É inevitável. E você sempre fala tudo o que eu quero falar também. Parece que somos nós três, então: eu, você e a solidão. Porque a realidade está aí... Só falta querermos ver.
    Te amo.

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