terça-feira, 20 de março de 2012

"piiiiii..."



Eu sei que deveria estar dormindo (ou estudando...), mas acabei me perdendo no tempo e parando para refletir e descobrir mais sobre o modo como eu me sinto. E é verdade que a gente só anda pra frente no momento em que se desapega de todas as coisas, pessoas, momentos ou lembranças que nos puxam para trás. Eu estou falando de desapego, desapego mesmo. Desapego, daquele que não rima com indiferença, mas combina com sossego. O que eu não daria pelo meu sossego... Ou somente pela calma da alma.
Durante todo esse tempo, eu tenho escrito aqui, com os meus impulsos impensados (ou pensados demais), sobre a minha busca incansável e incessante por uma solução, uma linha reta. A menor distância entre as duas extremidades, a menor distância entre o início e o fim do nosso romance de novela mexicana. A menor distância e, por isso, só por isso, a menos dolorosa e não necessariamente a mais indolor.
Mas, se estamos analisando o que eu escrevo aqui, os tais impulsos, uma linha reta significa dizer que o meu coração parou. Significa dizer que eu morri. A ausência de impulsos traduz a linha reta que, de tão reta, ficou reta demais. Eu não quero ter fôlego suficiente para sustentar o I do "piiiiiii...." da maquininha por muito tempo - eu gosto das pausas, da oscilação, do não saber quando tudo vai parar... ou onde! Ou como...
E eu quero sim o meu sossego, eu quero, sim, a certeza de que você nada mais é, senão um ponto tangente ao impulso de ontem. Do de hoje, você passa longe.
Eu nunca tive dificuldades para escrever sobre os meus sentimentos. De repente, tudo parece confuso e as palavras parecem soltas demais. Desconexas. Eu sinto como se quisesse escrever, mas é como se faltasse algo. Eu sinto um vazio e i's prolongados além da conta. Eu não quero essa maldita linha reta. Ela nem existe. Ela é só mais uma das mil mentiras que eu ouvi contar. Até o horizonte, que eu achava ser a única linha reta que conhecia, para onde eu deveria sempre mirar meus olhos, é uma ilusão.
Eu não quero pedir para me privar da dor - ela me fez crescer -, tampouco exijo que mais alguém a compartilhe comigo. Só não quero perder as oscilações. Eu preciso de novos impulsos... Alguém, por favor, poderia me aplicar um choque? Eu sinto que o "piii..." está cada vez mais ensurdecedor. Faça parar.

2 comentários:

  1. Com toda certeza vai parar. O tempo resolve tudo! Clichê? Não, verdade! Pode ter certeza! Acredito em você e mais ainda em como você merece encontrar os sossego sempre sempre! Como sempre, não posso deixar de dizer o quão lindo seus textos são! Da sua fã, Lari

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  2. "E é verdade que a gente só anda pra frente no momento em que se desapega de todas as coisas, pessoas, momentos ou lembranças que nos puxam para trás."
    Acho que morremos e encaramos os infinitos i's quando vivemos apegados a algo que não tem mais jeito. A gente vai morrendo aos poucos... Tudo que a gente precisa é do desapego para trazer a oscilação de volta!
    Sua perfeita! ;*

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