quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

all of the stars are fading away.



Sugestão: ler ao som de Stop crying your heart out - Oasis.

Estamos no terceiro dia do ano. Teoricamente, ainda estamos naquela semana em que as pessoas estão empolgadas pelo início de um ciclo novo, tomadas por uma sentimento quase que de renascimento, tolamente acreditando que em 2013 elas finalmente cumprirão as promessas de 2003. Não vão. Não vão, porque o primeiro dia do ano não é nada mais, senão o dia seguinte ao último dia do ano passado. Acorda. Não adianta escrever nomes em folhas de papel e queimar, pular sete ondinhas, vestir-se de branco, nada disso. Acorda. É só mais um dia e as pessoas continuarão estúpidas, como sempre foram. Pare de acreditar que um segundo, só porque fez você trocar de calendário, é capaz de alterar alguma coisa no seu mundo. Acorda. É só mais um ano e você pode bancar a Pollyana ou a moribunda, é problema seu e ninguém vai estar nem aí. Nunca esteve. Eis a essência humana.
Mas não quero fugir à regra, então decidi, também, sentar e fazer uma retrospectiva do meu ano. Pensei em que eu fui, quem eu quis ser. Pensei nos estranhos que se tornaram amigos e nos amigos que se tornaram estranhos. É o curso natural da vida, não é? Admito até que estou fazendo algumas projeções do que esse ano há de ser, mas muito mais por não ter mais nada a fazer do que por acreditar que eu realmente vou cumprir essas metas.
Eu mudei muito esse ano. Tem partes de mim que eu ainda tento conhecer e me surpreendo com o que elas podem fazer. Por sorte, elas são escravas de partes que eu conheço bem. Eu costumava acreditar que "Igualdade, Liberdade e Fraternidade" eram o rumo que a sociedade um dia encontraria. Quem é a tola agora? Essa certeza se esvaiu e me sinto infeliz. Meu idealismo, que antes era o ar que eu respirava, hoje é o veneno que me sufoca. Eu debocho dele. Idealismo patético. O idealismo é só uma outra forma de encararmos um vício por ilusões sobre o mundo. Uma pessoa muito idealista é uma pessoa muito iludida e esse não pode ser o meu oxigênio, não é? O de ninguém, aliás. Acorda. Se há mesmo um pote de ouro no final do arco-íris, alguns chegarão antes que outros e guardarão para si a mega da virada. 
Há algo que precisa ser deixado para trás. Há fantasmas que devem ser aprisionados no outro lado. A vida tem que ser melhor. Eu tenho que ser melhor. Eu preciso me sentir melhor. Porque toda essa dor e tristeza que me invade, vez por outra, tem que ter alguma razão. Tem que haver. As pessoas não devem sofrer pelo acaso, porque se é o acaso que as faz chorar é só ele que pode fazer parar. E ninguém pode viver dependendo do acaso, não é? Como diria Cazuza, ainda estão rolando os dados. O anti-acaso existe. As coisas precisam ir e vir consoantes aos nossos anseios, comportamentos e até caprichos, mas sempre nossos. Tão nossos e de mais ninguém. Meus demais. Os horóscopos dizem que as coisas tendem a dar certo para mim esse ano. Então, Deus, esse é o seu jeito de me dizer isso? Mandar uma tempestade é o sinal da abonança que se aproxima? E se a tempestade durar tempo demais, vai mandar a Arca de Noé ou esse vai ser o seu sinal de que eu devo morrer afogada? As coisas são como tem que ser.
Eu sinto falta dos meus dias de otimismo. Eu sinto falta de cuidar das pessoas. Eu sinto falta delas, das pessoas, mais do que eu desejaria. Eu me sinto meio sozinha. E não era para ser assim, não é? As pessoas que entram na sua vida prometem implicitamente que estarão ali para que, dentre outras mil coisas, você não se sinta sozinha. Então por quê é esse o sentimento que me rodeia? Por quê, nos últimos tempos, alguns laços parecem frágeis e alguns cordões teimam em se partir só pelo prazer do estalar das cordas? Por quê eu sinto esse gosto de sacrifício ecoar nas quatro paredes?
É, essa síndrome de ano novo não me faz bem. Todos esses pensamentos só lembram que, no escuro, até nossa sombra nos abandona. Por isso eu tenho medo de escuro. Estamos todos sozinhos no fim do dia. E nossos amigos... Nossos amigos são, antes de nossos amigos, criaturas muito ocupadas com as próprias vidas para ter tempo de nos ajudar a viver as nossas.
É triste, mas na Terra a ordem é cada um por si e Deus por todos - que sobrevivam os mais fortes. Acorda. Ou talvez seja só a TPM... Vai passar.
Talvez não seja tudo tão triste assim. Talvez você não esteja tão sozinha assim. Talvez alguém queira caminhar ao seu lado no escuro. E aí a vida pode não ser tão difícil de viver.

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