quinta-feira, 1 de setembro de 2011

rehab

Hoje se inicia o processo de finalização do ciclo. Após tanto tempo adiando a recuperação e frequentando a reabilitação do interior de minha mente, lutando contra (e ao mesmo tempo a favor) um vício canceroso, o amanhã se tornou o hoje. Acordei revigorada e disposta a fazer desses próximos cinco dias a minha oportunidade de recomeçar. Dessa vez, recomeçar de verdade. Estabelecerei novas metas e prioridades que incluem principalmente deixar o passado no passado.
Pensar em mim não foi o bastante, porque, ao pensar em mim, eu estava pensando e lembrando aquela sensação de ecstasy que me fazia sentir completa. Dava sentido ao mundo e me explicava a exata razão de nunca ter dado certo de outra maneira. De repente, pensar em mim me fazia ter a certeza da dependência que eu tinha daquele vício. Talvez, mais do que oxigênio, eu precisava consumi-lo - só assim teria certeza de que as coisas estavam em seus devidos lugares. Só assim estaria feliz.
Lamento, mas é hora de a razão assumir as rédeas de minha vida. E, acredite, durante esse tempo em que não assumiu, todo tipo de besteira já passou pela minha cabeça. Passei por aquela fase ridícula de não acreditar mais em mim mesma ou minha própria recuperação e de achar que ninguém poderia me ajudar. Aquela fase de sentir pena de si mesmo. Patético, deprimente. Houve um tempo em que eu não queria ser ajudada. O vício me invadia a cada momento de fraqueza, junto com uma onda triste, mas o meu lado sombrio sussurrava que esse era o único modo de viver. Como se o mundo lá fora não existisse. Como se eu não estivesse pronta para encará-lo, mesmo que eu sempre tivesse estado. Eu vivi isso.
Mas hoje é diferente. Eu vi o futuro. Eu olhei o horizonte. Descobri quem eu era. Decidi quem eu quero ser. A tinta da caneta terminou no meio e o que seria mais uma das infinitas vírgulas acabou se tornando um ponto. Um ponto final. E, pensando bem, relendo a história, um ponto final cabia ali. Cabia perfeitamente.
Se continuasse a escrever, possivelmente as letras escorregariam para fora das linhas. O meu câncer aumentaria. Cresceria de tal forma que destruiria a fonte de onde nasceu. Meu coração corre riscos. Talvez ele nunca voltasse a funcionar. Talvez não batesse como agora.
Sobrariam apenas meus olhos vermelhos e aquela sensação de que eu poderia fazer qualquer coisa, só para ter contato novamente com o vício. O mais importante seria me manter viciada. Mas não há nenhum grupo para me ajudar. Não estou viciada em nenhum desses entorpecentes, bebidas, cigarros. Tenho horror a tudo isso. Meu vício não é proibido por lei e os olhos vermelhos são de lágrimas que escorreram por muito tempo. Nada mais. Mas chega.
Chega. Eu, hoje, me agarrei ao meu horizonte. Ao meu futuro.
Abasteci o carro que irá me curar. Tracei o caminho de tinta permanente em um mapa rasurado e um pouco amassado. Pus-me na estrada.
Embora queira abandonar o vício, admito que ainda tem uma parte de mim (parte essa que será exterminada nos próximos cinco dias) que acha que pode ser surpreendida a qualquer momento. Que lindo seria o vício maldoso se tornar um suspiro calmante. Inesperado. Ops, palavra errada! Improvável (dizem que nunca devo falar em impossível).
Sendo assim, só me resta seguir com o plano dos cinco passos. Hoje, dia 01/09/2011, é o passo número um. E eu vou fazer esse plano funcionar.


Estou a 100km/h. Agora 140. Passo para 160. Me aproximo dos 200.
Aviso aos passageiros: Eu não pretendo parar.





5 comentários:

  1. Que tal começar dedicando menos tempo à dramatização de uma história tão maçante e idiota. Vá atras de algo mais interessante.

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  2. Pode deixar que vou tentar melhorar o próximo, anônimo ;)

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  4. Amiga, fico muito feliz de voce estar entrando nessa fase de mudanca, veio atrasada mas veio, isso que importa! Tenho certeza que coisas muito melhores que o passado virao pela frente. Enorme beijo, Lu.

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